Menina Marina

' Senhor eu nunca mais serei a mesma , pois o teu amor me libertou . ande comigo Deus até mesmo em palavras . '

segunda-feira, 17 de outubro de 2011


Que você siga decifrando cada uma das minhas pequenas transformações, como mágica. Que continue a ler em braile a invisibilidade das minhas aflições. Que queira me fazer feliz, não para mostar aos outros o quão feliz é quem está ao seu lado, mas que o faça pelo prazer em me ver sorrir.
Encantadoramente espontâneo.
Que continuemos a completar frases um do outro. Que consigamos desvendar intenções alheias em um só olhar, para que possamos nos proteger de qualquer forma não sincera de  aproximação. Que saibamos o quão especial somos como indivíduos e o quanto isso nos torna uma conjunção escrita em caixa alta.
Que eu saiba que um dia, dentro de um humilde embrulho, você queira me dar o mundo.
Que meu olhar percorra cada parte do teu corpo e que leve consigo a suavidade do meu toque. Que eu descubra, conheça e decore-o em sua completa peculiaridade, para que – se longe – eu possa acessar sua anatomia em meus arquivos de memória afim de minimizar a angústia da saudade.

Foram muitas as pessoas que passaram pela minha vida. Muitas também foram as que deixaram sua marca, tenha sido ela boa, ou ruim – ou ambas.
Não costumo sentir remorso ao cortar laços quando enxergo neles algum tipo de nó. Incomoda-me o fato de me sentir presa a alguém. Incomoda-me saber que faço o outro sentir-se acorrentado à mim. Relações são escolhas, são trocas voluntárias de afeições, são uma construção consensual. Mais do que tudo, são demonstrações cotidianas e espontâneas da importância que o outro exerce em quem você é e em quem pretende ser.
Quando não mais existe a genuína vontade de provocar crescimento, ou quando se é indiferente  ao motivo daquele largo sorriso, perde-se o propósito. Você caminha em círculos, tropeçando sempre naquele mesmo pedregulho. Estupidamente tenta não ver o que é que o torna tão errante.
É difícil perceber.
Desata o nó.
Ainda não sabem que a maldade intencional não exerce influência à quem é dirigida, porque nada mais é do que autobiografia barata. Graças a Deus!

quinta-feira, 13 de outubro de 2011


Sinto e não sei o que é. Sei que minhas mãos ficam trêmulas, tentando apalpar minhas idéias. Resgato qualquer lembrança tosca, tentando juntar esse monte de peças. Não se encaixam. Tento novamente.
Meu coração dispara me pedindo mais. Olho para todos os lados e não encontro nenhuma porta. Pulo a janela. E que caminho seguirei? Confusão de pensamentos com sentimentos. Discutem, querem guerra. Estou no meio, sem ousar dizer uma palavra.
A culpa é de quem?
 Quem será o responsável por toda essa disputa? Não tenho respostas.
Só encontro agora um vazio, uma doença chamada tédio. Meus pés não caminham, não respondem aos meus comandos. Simplesmente cruzam-se.
Cãibra.


“Que seus dias sejam muitos, longos e plenos de satisfação!
Que eles sejam acompanhados de amigos, desses que afofam as nuvens pra gente e pintam de azul o céu mais cinza, que borrifam orvalho nas flores e ensaiam com os pássaros as melodias mais lindas só pra fazer a gente sorrir.
Em dias assim, que vc descubra a sabedoria de viver cada momento sem a pressa do amanhã nem o arrependimento do ontem, bastando provar o sabor da alegria de ver o tempo passar hora a hora…”
Carlos Castro

terça-feira, 11 de outubro de 2011


Vi esse vídeo e adorei a interpretação do Tiago Machado em Descobridor dos Sete Mares - Tim Maia.
A música é linda, a voz é incrível, mas o cachorrinho dormindo no peito dele… Ainnn

“Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar. Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí, e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente, os que só desconfiam – ou talvez nunca vão saber – que são meus amigos.”
Vinicius de Moraes
“Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais.”