Tantos planos modificados sem me consultar. Ele parecia não se importar se eu sofria. Nunca pude ter uma conversa razoável, até porque, ele não admitia ser questionado. Mudo e sempre certo do que fazia, seguia egocentricamente silencioso. Lembro de muitos dias e noites em que eu chorei, reenvindicando respostas que nunca chegaram. Tantos soluços e nenhum sinal, nada. E eu, que sempre fui cheia de argumentos, ficava cada dia mais quieta. Passei a tentar preencher meu dia com mais horas de fuga. Guardei aquele frio na barriga dentro da gaveta, embrulhei os sonhos para presente e escondi as letras fora das palavras (nessa época a música parou). Andava estranha, era quase uma condenação sem direito a julgamento. Engolia meus discursos a seco. Olhava para os machucados, que agora já eram cicatrizes e pensava: tenho que aprender algo com isso.
Um dia, desisti de querer questioná-lo. Daí em diante tentei outra estratégia. Passei a não procurar mais as coisas simétricas, adcionei meu sorriso aos favoritos e entendi que serpentinas podem ser jogadas a qualquer hora (pra que esperar pro carnaval?). Marquei encontro com a escrita encontrando assim à salvação. Hoje estou de malas prontas. Quero e vou seguir para o amanhã que acontece. Cabeça inclinada em um sentir transbordante (alegrias que pingam no chão). Olhares travessos como criança que passou o dedo no bolo e paz, muita paz. Apesar de inaugurar um caminho diferente, ele ainda caminha comigo. Continua silencioso, mas aprendi a conversar com ele em libras. E entre sinais e intuição seguimos juntos... Afinal, como poderia viajar, sem levar comigo MEU DESTINO.
[Enlacei as mãos. Não há mapas de fronteiras em mim agora.]
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