Menina Marina

' Senhor eu nunca mais serei a mesma , pois o teu amor me libertou . ande comigo Deus até mesmo em palavras . '

terça-feira, 24 de maio de 2011

madrugada fria

Tantos planos modificados sem me consultar. Ele parecia não se importar se eu sofria. Nunca pude ter uma conversa razoável, até porque, ele não admitia ser questionado. Mudo e sempre certo do que fazia, seguia egocentricamente silencioso. Lembro de muitos dias e noites em que eu chorei, reenvindicando respostas que nunca chegaram. Tantos soluços e nenhum sinal, nada. E eu, que sempre fui cheia de argumentos, ficava cada dia mais quieta. Passei a tentar preencher meu dia com mais horas de fuga. Guardei aquele frio na barriga dentro da gaveta, embrulhei os sonhos para presente e escondi as letras fora das palavras (nessa época a música parou). Andava estranha, era quase uma condenação sem direito a julgamento. Engolia meus discursos a seco. Olhava para os machucados, que agora já eram cicatrizes e pensava: tenho que aprender algo com isso.
Um dia, desisti de querer questioná-lo. Daí em diante tentei outra estratégia. Passei a não procurar mais as coisas simétricas, adcionei meu sorriso aos favoritos e entendi que serpentinas podem ser jogadas a qualquer hora (pra que esperar pro carnaval?). Marquei encontro com a escrita encontrando assim à salvação. Hoje estou de malas prontas. Quero e vou seguir para o amanhã que acontece. Cabeça inclinada em um sentir transbordante (alegrias que pingam no chão). Olhares travessos como criança que passou o dedo no bolo e paz, muita paz. Apesar de inaugurar um caminho diferente, ele ainda caminha comigo. Continua silencioso, mas aprendi a conversar com ele em libras. E entre sinais e intuição seguimos juntos... Afinal, como poderia viajar, sem  levar comigo MEU DESTINO.

[Enlacei as mãos. Não há mapas de fronteiras em mim agora.]

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